Tuesday, April 21, 2009

I have a dream

I have a dream
a song to sing
to help me cope
with anything
if you see the wonder
of a fairy tale
you can take the future
even if you fail
I believe in angels
something good in
everything I see
I believe in angels
when I know the time
is right for me
I'll cross the stream
I have a dream
hoje assisti mamma mia! e foi inevitável não vê-lo nessa história.

Sunday, March 8, 2009

na nossa história seremos felizes para sempre

encontrara o editorial pronto [de fabio hernandez]. é porque começar pelo início é difícil, já que as coisas acontecem antes de acontecer. se esta história não existe, passará a existir. pensar é um ato. sentir é um fato. os dois juntos - sou eu que escrevo o que estou escrevendo. foi assim também que aprendera. pensar e sentir, como sempre. 
 
"Posso te fazer um pedido?", disse Cris a Pedro. Ela acabara de ler As Travessuras da Menina Má, de Vargas Llosa. Lera com vagar, como sempre. E, também como sempre, com atenção máxima aos detalhes. Pedro, ao contrário, lia rápido. E perdia detalhes. Leitor compulsivo.
"Hmm", disse Pedro.
"Escreve a nossa história. O nosso romance. Como no caso da Menina Má. Lembra? No fim ele diz que ela deu a ele a história."
"Mas", disse Pedro.
"Por que você gosta tanto da palavra mas?", cortou Cris. "É uma coisa tão ruim. Depois do mas nunca vem nada bom."
Pedro jamais pensara nisso. Fazia sentido o que Cris dissera? Não sabia. Refletiria depois. Seguiu adiante.
"Mas eu não sou nenhum Vargas Llosa", disse. "Como eu poderia me classificar? Sei lá. Um escritor barato, como o Fábio."
"Detesto o Fábio", disse Cris. "Queria que ele morresse. Juro."
"Mas", disse Pedro. "Mesmo que eu fosse capaz de escrever como Llosa. Como seria nossa história?"
"Você é o contador de histórias", disse Cris. "Você diz como seria."
"Filhos. Outro dia vi você num vestido leve e te imaginei grávida. Sei lá. Teríamos um filho."
"Menino? Menina? Nome."
"Menina. Antonella. Anda como um pinguinzinho. Dança como a mãe. Bonita como a mãe. Mas não é geniosa e impaciente como a mãe."
"Nunca engravidei. Será que consigo engravidar?", Cris disse.
"Na nossa história, sem dúvida", Pedro disse.
"Vou ficar muito gorda? Disforme? Você vai perder o desejo por mim? Tenho meio pânico disso."
"Você vai ficar maravilhosa. Como todas as grávidas. Nada embeleza tanto uma mulher como a gravidez. Vocês, mulheres, discordam. Mas é um fato da vida. Na gravidez a mulher vira fêmea no melhor sentido que a palavra tem."
"Tenho outro medo", disse Cris. "Vi isso acontecer com muita gente. O casal tem filho. O homem vira pai. A mulher vira mãe. O casal some. Quero muito ser mãe. Mas, se o preço da maternidade é deixar de ser mulher, não pago."
"Na nossa história você nunca deixa de ser mulher", disse Pedro. "Mesmo que tivesse não um mas três filhos. Três não. Li outro dia numa revista que alguém na Inglaterra disse que no mundo de hoje é irresponsabilidade ter mais que dois filhos. Do ponto de vista ecológico. Meio ambiente. O cara dizia que era uma agressão à Terra."
"E você..."
"Se acreditei?", disse Pedro. "Nem sim nem não. Só não esqueci."
"Pedro."
"Hmmm."
"Vamos viver muitos anos juntos na história que você vai escrever?"
"Interrogação. Meu pai. Ele não viveu tanto assim. Se eu repetir a trajetória do meu pai, a resposta é não."
"Você não vai repetir. Você não vai ousar me deixar sozinha. Jura que não."
"Gostaria de jurar. Mas."
"Mas. Sempre mas. Até quando você vai usar mas nessa quantidade absurda?"
"Um grande escritor inglês disse que escrevia não como queria, mas como podia. Falo como posso."
"Pedro. Na nossa história. O final vai ser feliz?"
"Finais infelizes são a marca maior dos grandes escritores. Não há um único romance entre os maiores que tenha final feliz."
"Isso quer dizer que...", disse Cris.
"Sim. Isso quer dizer que na nossa história seremos felizes para sempre."

Saturday, February 7, 2009

quando a saudade apertar

para estar junto, não é preciso estar perto. mas sim, do lado de dentro. 

Sunday, February 1, 2009

nouvelle vague - I

her morning elegance

evaporar

ele que se encantou pelas formas livres. surrealismo [ ? ]...
... e aprendeu que até mesmo tudo que é sólido se dissipa no ar.

don't watch me dancing

não o encontrava no meio da multidão. então foi lá pra frente. colado ao palco. derramou novamente o sal que colheu. disse que se permitiria a isso de vez em quando. enquanto não se encontra o lugar certo para o romance. estorvo do amor. [?]. ou quando simplesmente não desse pra segurar. e dançou. 
Margarida has a strange appeal
Sways between suitors on a broken heel
Of course her desires they always mistook
She'd rather've been scarred than be scarred with loathe
In conversation she often contends
Costumes build customs that involve dead ends
She found her courage in a change of scene
This Sunday's social would be short its queen
All her best years spent distracted
By these tired reenactments
With the right step she'll try her chances
Somewhere else
There he is a step outside her view
Reciting the words he hoped she might pursue
Night upon night a faithful light at shore
If he'd only convince his legs across the floor
Please, don't watch me dancing
Oh no, don't watch me dancing
Something changes when she glances
Enough to teach you what romance is
With the right step they try their chances
Somewhere else
Please, don't watch me dancing
Don't watch me dancing

encontro - IV [ a festa ]

ele sabia que encarar aquele segundo encontro era algo arrisacado. mas fora desafiado:
all this time they had me thinking
love's a boat that's long been sinking
but you made the claim
that taking a chance is embracing the change
I count my blessings knowing you will take me home
decidiu. e partiu. levara na valise poucas coisas. apenas o peso a que estava pronto para suportar. porque também havia decidido que de agora em diante tudo seria mais leve. estava disposto a não estrapolar do presente. não invadiria mais passado e futuro. não mais tão profanamente.
e tinha a festa. não gostaria de perdê-la. era a chance de comemorar o seu dia, juntos. era a chance de expandir mais a intimidade. de refleti-lo [e o seu passado] no espelho dos rostos alheios. mas precavido como ele, sabia que a sua atuação estava reservada ao papel de coadjuvante. mas era assim que aprendera, e gostava. de povoar tudo e todos cautela e atentamente. e foi assim na preparação. já com certa intimidade [a do primeiro encontro], tocou os objetos. mudou-os de lugar. e disse a eles que mais tarde voltariam todos para o mesmo lugar. como deve ser a vida em dias que não há festa.
a noite caiu. e povoaram a pista. e os cantos. a janela. a cozinha. todas as tribos. frevo mulher fora conclamada duas vezes. 
é quando o tempo sacode
a cabeleira
a trança toda vermelha
um olho cego vagueia
procurando por um...
o ritmo não era mais um adágio. começara a entender o carinho dos pés com seu passo sôfrego.
love won't bring me down

Saturday, January 31, 2009

encontro - III

tínhamos pouco tempo. toda manhã, toda despedida era assim. apenas três quarteirões: da garcia até a vinicius. por isto, porque era chama, aqueles instantes foram marcados. e perduraram. uma trilha havia sido incorporada. poderia assim, mais tarde, quando ouvi-la novamente, roçar meu braço no seu, afagar suas mãos. por instantes de eternidade.

Sunday, January 11, 2009

encontro - II

eu que te vejo e nem quase respiro.
eu te murmuro, eu te suspiro, eu que soletro seu nome no escuro.
eu que não digo, mas ardo de desejo. te olho. te guardo. te sigo. te vejo dormir.

Saturday, January 10, 2009

encontro - I

naquela manhã, quando saí do avião, entrei num corredor. apertado. depois em outro um pouco maior, porém mais frio. pareciam intermináveis. como um parto que não fosse vingar. era o cordão. ficara agarrado. derramei ali o mais profundo sal que colhi, e molhei os pés. como dói [re]nascer. sobrevivi. algo havia me dado à luz. porque tudo no mundo começou com um sim. uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. é isso: dissemos sim. e você nasceu em mim, naquelas manhãs e noites porosas, emoções de diferentes densidades, moldando o quarto, a cozinha, a sala e onde quer que fosse possível suspender o tempo, povoar, alargar a própria vida. não sei como serão meus próximos dias. agora que sou órfão de cumplicidades tão delicadas. só sei que vou seguir encantado. e que num dia de encantamento, nossos caminhos se encontrarão. ou nossas vidas serão encantos, delicadeza dos adágios.
hoje tomei pró seco. brindei a vida. celebrei você.